Home Poesia Prosa Traduções Colaborações Arquivo Contatos

Bem-vindo à homepage de Renato Suttana.

Valdir Rocha

 

A Howard Phillips Lovecraft

 

(Clark Ashton Smith)

 

Tu, que de montes, campos e cidades

ancestrais foste amante,

como vieste parar assim tão longe

de Providence, às portas do levante?

Vens acaso buscar

mais antigos destinos –

alguma Arkham das mágicas primevas;

ou, com os teus felinos,

algum bosque secreto e novo exploras,

para além da muralha dos sentidos,

onde o sol-pôr e a primavera encantam

os caminhos que ligam, eternais,

este Planeta ao éter

por dimensões obscuras, nemorais?

Ou a Chave de Prata

te escancarou, exata,

sonhos e espantos de algum mundo posterior?

Ou retornaste ao teu lar em Ulthar ou Pnath?

Ou o altíssimo rei da distante Kadath

de volta convocou seu sábio embaixador?

Ou o negro Cthulhu deu o sinal

que te converte agora em conselheiro

daquela fortaleza inaudita, abissal,

onde os Antigos dormem longamente,

até que algum tremor venha, brutal,

do sono despertar seu continente?

 

Ó Deus! Tão poucos dias,

e já andaste tão longe,

seguindo aquelas fabulosas vias

onde os míticos mortos perambulam!

E resta-nos a dor, e este mistério...

E entretanto de todo não partiste,

nem no sonho e na poeira te sumiste:

porquanto, ainda neste monte ocíduo

de Averoigne que jamais

visitou o teu corpo material,

encontro algum resíduo

de ti, sensível, justo –

algum gracioso indício, imorredouro e augusto.

Para ti mais brilhante o gramado vernal,

mais mágico e sombrio o rochedo do Druida;

e em minha mente, como em mágico cristal,

te vejo para sempre despontar –

e no livro do espírito

tuas runas jamais haverão de passar.

 

(Tradução de Renato Suttana )

 

 

Retorna ao topo da página

Outras traduções