Home Poesia Prosa Traduções Colaborações Arquivo Contatos

Bem-vindo à homepage de Renato Suttana.

Henri Matisse

 

Águas

 

(Sephi Alter)

 

Que fazer deste espelho

Mete medo saber que som virá do vidro

O terrível eco virá do vidro

A música virá do vidro

A paz virá do vidro

Que não sabe quem repete

 

Depois o passo é verde

Andar de pés molhados a

Lembrar alegrias ínfimas

Glórias adormecidas

Óperas adormecidas

Sem esperança

 

Muito antes do rosto

Misturava-se a pressa com o peso

Esculpiam-se chamas

A nadar fora de pé

Muito antes da água

 

O amor da mãe judia

Cercado de ódio por todos os lados

Menos por uma pena de ilha

Faceta minúscula da jóia mais rara

Que adormece o menino ali

 

Enlouqueces dançando

Virias agora sem corpo

Gasto o corpo na dança louca

Tirar a mais bela para a valsa

Sem reparar no corpo gasto das valsas

Loucas e gastas ao fundo da sala

 

Sobra sempre um resto de Inverno

Uma gota de luz em pleno sol

No dilúvio cego do verão

E a promessa esfria afinal

De contas e sombra

 

Canas esquecidas do

Vento e das carícias

Lamentos prazeres

Em pura memória

Puro esquecimento

 

Que o soneto me proteja

Escondo-o dentro do chão

Na ombreira do piano

Duas escadas de versos

Do tamanho da voz

Pequenos fins para o sem fim

 

Toca o transístor na areia

A festa acabou há séculos

São demasiado finos para pegadas

Estes grãos e aliás

Já nada os pisa adeus

 

 

Retorna ao topo

Outros escritos de Sephi Alter