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CALDO
VERDE À MANEIRA DE SÃO MANÇOS
(Nuno
Rebocho)
Retirado
das rotas que conduziam para o Sul, São Manços continua a ser
passagem obrigatória para quantos pratiquem a boa mesa: uma mão
cheia de lugares fazem apelo a quem pretenda aconchego. E há
surpresas. Mestre Marcírio, sim, mestre, porque mestre é, com
pequeno tasco no Largo 25 de Abril, serve de exemplo. Entrados na
sombra acolhedora do retiro, talvez se fique desconfiado das três,
quatro mesas sem especiais requintes. Mas haja ânimo: abancai. E
preparai o estômago para um caldo verde com jaquinzinhos (carapaus minúsculos).
Caldo
verde como comida alentejana? Pois, sim senhores. É diferente do
que se faz no Minho e no Douro Litoral, aí com caldo engrossado com
farinha de milho, de preferência sem azeite e enfeitado de rodela
de chouriço. À moda de São Manços, o regime é outro, porque o
que malga traz é caldo verde, engrossado a batata cozida e desfeita
no caldo, a couve migada bem cozida e nanja de enchidos. No preparo
do caldo, para além da batata, uma cebola, também ela bem passada
e quase “dissolvida”, quatro ou cinco dentes de alho bem
esmagados para apaladar e alhar bem o caldo. E refinando: folhas de
coentro cozidas lá dentro. Um manjar, amigos. À parte, para
acompanhar as colheres deste precioso caldo verde, uma travessa de
jaquinzinhos convenientemente passados, para trincar com espinhas e
tudo.
É
assim que por São Manços se faz o saboroso caldo, para
aproveitamento da couve abundante nas hortas que cercam o povoado e
para adubar os estômagos. Repasto
de primeira, asseguro que é.
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