CELEBRAÇÕES
ZEFIRINIANAS (À MODA DO CATECISMO) – extratos
(Miguel
Carneiro)
III
Vou
buscando teus seios...
Tu
a
loba anacreonte do meu inferno
amamentando
esse teu filho
com
o mel da celebração.
Vou
sugando tuas mamas
em
busca de leite
no
rubro bico dessa paixão.
Vou
te chupando assim, amada,
enquanto
a tarde agoniza em completa solidão.
CANÇÃO
TATUADA NO PEITO
Busco
nas madrugadas teu corpo quente.
E
me atraco ao teu porto
como
náufrago da devassidão.
Perco-me
entre as curvas sinuosas,
exploro
teu curso de navegação.
Arde
em meu peito
esse
amor celebrado
como
cânticos de Salomão.
LOBO DO MAR
Bota teu galeão no meu mar.
Singra as águas claras de meu ser.
Enfuna a tua vela com prazer.
sobre o meu oceano.
Esquece os enganos.
O amor é um barco amigo
sem piratas, sem comandantes.
Apenas navegando distante
nessa costa de mar.
Pega teus canhões e cala.
Desfralda a tua bandeira
na minha sala.
Aconchega-se para dormir.
Todo dia tem tempestades
mas apenas a saudade é que bate forte dentro
de mim.
CACETE
ARDENTE EM TARDE FRIA
A
mãe no Cartório entre averbações.
O
tempo agasalhado numa caixa de costura
e
a bela menina da casa em frente
de
seios salientes no corpete de algodão.
Minha
mão trêmula naquela tarde
e
o céu desabando de trovão.
LATIFÚNDIO
PERVERTIDO
Eu
também já tangi manada de éguas em cios
quando
possuía meus currais,
desembestado
cruzei uma por uma
pelos
sertões a dentro
quando
eu era senhor de mil marruás.
Daquelas
éguas que cruzei pela vida a fora
hoje
pastam em outros umbrais
tendo
um cavaleiro como destino
e
uma chibata dura feito um Satanás.
Eu
também já fui senhor de terras
cuja
extensão se perdia no meu olhar,
de
uma hora para outra
por
simples convicção
reneguei
para sempre
o
latifúndio amoral que herdei de meu pai
e
fiquei como todo mundo
com
apenas sete palmos de terra
e
uma égua baia
que
ainda tanjo no meu quintal.
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