MUITA
COISA
(Marcos
Brás)
Muita
coisa para fazer...
Muitas
ocupações...
Mas
estou aqui, em silêncio,
encalhado
na imobilidade como se isso fosse uma preparação...
Mas
isso não é uma preparação...
É
preciso que esteja claro
que
isso (seja lá o que for) não é nenhuma preparação...
Muitas
coisas para começar
(e
a simples idéia de começar
já
me faz tropeçar num emaranhado de perplexidade)...
Muitas
coisas
contanto
que não sejam feitas –
contanto
que nada se comece
e
tudo permaneça como está
e
tudo permaneça onde está
porque
tudo é lento e vazio...
Tudo
é lento e vazio,
e
tudo tende à imobilidade...
O
pássaro lá fora, o vento lá fora, a folhagem lá fora...
Tudo
tende à imobilidade e ao silêncio...
(Contanto
que nada se comece,
tudo
tende à imobilidade e ao silêncio...)
Muitas
coisas –
e
nada que valha a pena:
nada
em que se possa descobrir um sentido de começo
que
se possa tomar como um ponto de partida
e
que justifique uma partida...
Tudo
lento – imóvel ou lento –
e
nada aí que se possa tomar como um ponto de partida...
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