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Moholy Nagy

 

RESPOSTAS A UM QUESTIONÁRIO (Recebido de Renato Suttana)

 

(Mauro Mendes)

 

 

1. Não podendo sair de Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

 

Lá pelo início da década de 70, havia um cinema em Fortaleza (Cine Diogo, se não me engano), cuja programação, aos sábados pela manhã, era dedicada a um público formado, em sua maioria, por universitários. Podíamos, assim, ver filmes de Fellini, Truffaut, Buñuel, Visconti, Bergman, etc. “Fahrenheit 451” foi desta época e me impressionou muito. Logo depois do filme, eu e alguns amigos já ficamos fazendo este exercício: “que livro cada um escolheria ser”? Lembro-me de ter dito que gostaria de ser “O Estrangeiro”, de Albert Camus, que eu tinha lido numa tradução publicada por uma editora portuguesa, com um belíssimo prefácio de Jean-Paul Sartre. Embora ainda considere “O Estrangeiro” um livro “definitivo” sobre a condição do ser humano, hoje eu escolheria ser “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco, um livro que é uma alegoria perfeita dos tempos modernos de informação.

 

 

2. Já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?

 

[Achei ótimo conhecer esta expressão “ficar apanhadinho”, que não é usada aqui no Brasil, e que eu entendo como ficar fascinado, ou obcecado ou simplesmente fã de algum personagem].

 

Sim, inúmeras vezes e de diferentes formas ao longo da vida. Para isto mesmo é que serve a ficção, ou, por outra, no fundo, nós somos um daqueles personagens de Pirandello à procura de um autor e, aqui e ali, também encontramos nossas “máscaras”... Na infância, fui Peter Pan, Robin Hood. Depois, fui o “Grand Meaulnes”, de Fournier, e, decerto, “fui” muitos outros. Mas um certo cansaço de ler coisas sérias me levou, por algum tempo, a ler apenas livrinhos de bolso, aqueles da série “ZZ7”, que narravam as aventuras de Brigitte Monfort, uma espiã da CIA... Livrinhos de bolso também são cultura!

 

 

3. Qual foi o último livro que compraste?

 

Quase não compro livros, hoje em dia. O último foi “A Balada do Cárcere”, de Bruno Tolentino. Considero o poema “Um Prelúdio”, que inicia este livro, um dos mais belos que já li!

 

 

4. Qual o último livro que leste?

 

O último livro que li foi “dois terços” do “Dom Quixote”, de Cervantes, que é o meu “record” para este livro. Eu venho, há muitos anos, tentando ler o “Dom Quixote”, que é um livro, ao mesmo tempo, maravilhoso e cansativo... Quem sabe um dia eu consiga terminar! Reli também, ultimamente, “O Livro da Noite”, de Renato Suttana, sobre o qual tive o prazer de escrever alguns comentários.

 

 

5. Que livros estás a ler?

 

Nenhum, especificamente. Aliás, depois que voltei a escrever, tenho lido pouca coisa. De vez em quando, releio alguma coisa de Cecília Meireles, de Pessoa, de Jacques Prévert, de Rilke. Tenho lido muito mesmo é na Internet, onde se descobrem coisas muito interessantes.

 

 

6. Que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?

 

Levaria o “Dom Quixote”, o “Decameron”, de Boccacio, “O Nome da Rosa”, “As Brumas de Avalon” e “O mar absoluto”, de Cecília Meireles. Mas duvido que fosse ler alguma coisa, pois estaria tentando sair de lá a qualquer custo e seria mais importante ler e decifrar alguma mensagem vinda dentro de alguma garrafa, trazida, ao acaso pela maré, e que me ajudasse a sair da ilha...

 

 

7. A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e por quê?

 

Vou passar este testemunho à poeta Maria da Conceição Paranhos, aqui da Bahia, pois, com certeza, ela contará muita coisa interessante sobre sua experiência com a literatura. Vamos ver se ela topa responder.

 

 

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