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DOIS
POEMAS
(Luciano Fraga)
MENINOS DOS QUINTAIS - NOS TEMPOS DO CEREJÃO
Para NMF
Inquieta-me reler o
céu
debruçado
sobre épicas
máscaras,
quando a tarde cai.
Impacienta-me rever o
tempo
com a fome dos
labirintos
nas estrelas
ausentes,
quando a noite
adentra.
Nunca mais;
beijos platônicos,
masturbados,
cravejados de
punhais,
vazados,
por debaixo das
mortalhas
das paixões etéreas
e mortais.
Os olhos,
de pérolas sem
conchas,
refletem
inexploradas
marés,
virgens
continentes,
assolados
por lendários
girassóis
que perpetuam
medrosas
saudades,
vertidas
das pedradas
sombrias,
desFERIDAS
contra a
pupila das árvores,
dos
comedores de sonhos.
Nunca
mais;
constelações de amigos,
pequenos
dilúvios,
peripécias
nos muros...
Nunca
mais;
olhamos
pelas janelas
dos
desaparecidos quintais.
Nunca
mais;
doces
cerejas acesas...
O tempo
apagou...??
REFUGOS – REPASTOS
"...mostro que o não padeço, e sei o que
sinto..."
(G. de Matos)
Esconderijos postiços
afloram sob as aftas
de
minha língua
inflamada
que
não quer silenciar
quando
afugento das trincheiras
refugos azedos,
lembranças impressas
nos
penosos retratos
de
rostos antigos,
que
desencadeiam sorrisos
em
aflições triviais.
Meu
brinquedo predileto
é o
universo
que
esta criança monstruosa
fabrica com suas queixas,
repletas
de
subterfúgios domiciliares,
repastos
que
formigam com nuanças galopantes
diluindo aparências iluminadas
em
suspiros terríveis,
nos
cartões postais...
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