POEMAS
(Linaldo Guedes)
ARMADILHA
ainda tive tempo
de fingir indiferença
aos teus olhares
tive tempo
mas não arrisquei
fugir ao círculo de fogo
que teus olhos desenhavam no calendário.
PÁSSARO
um sexo
espreguiça-se dentro do jeans:
quer liberdade
para ser aprisionado
por tuas mãos frágeis.
BOATO
dizem
que a saudade
repousa inquieta
no ombro esquerdo
da lua apática.
PERFUME
entre
serras
cercas
e cenas mudas
repousa
o hálito
barroco
de teu corpo.
ABISMO
você foge de mim
(não
como o diabo da cruz)
-enquanto
cultiva pétalas de ferrugem na alma.
NEBLINA
noite
tempo exato
para renovar a solidão
(e você
que continua
secando seus desejos no sertão).
TÉDIO
na lua
criou-se
uma teia de aranha
a culpa foi sua
que não quis esperar pelo amanhecer.
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