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Nicolau Saião

 

DOIS POEMAS

 

(Gustavo Felicíssimo)

 

 

ILHA DE ITAPARICA

 

O poente anuncia estrelas,

a lua crescente e divina

ancorada no mar da ilha

onde é musa que a todos cala.

          Sobre as águas uma jangada,

o lume dos barcos ao longe,

um pássaro voando à toa

e a vida vestida de organza.

         Não há terra de leite e mel,

Apenas tu, Itaparica,

em teu compasso natural.

               Nada mais singelo, senhores:

nem canções falando de amor,

nem amores nascidos ao mar.

 

 

 

TRANSE

 

Pra Noélia

Como é doce a lembrança de outras faces
e mais doce ainda a presença desta
que ao encontrar em meu ser uma fresta
adentrou de mansinho, sem disfarces.
Delícia que me leva à realidade
firma a certeza na ilusão vivida,
pois se é nula a confiança nesta vida
frustrada está, então, toda a verdade.
Não tomei nota da palavra medo,
esse colosso que atormenta e cega,
assim vivo o que ao homem não se nega:
inundo planaltos e quedo cedo.
Embora sinta a rigidez da morte
insisto em ser senhor da minha sorte.

 

 

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