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DOIS LIVROS
Os títulos As Coisas Incompletas (Dourados, ARS,
2024, 144 p.) e Teu Erro Faz Sentido (Dourados,
ARS, 2025, 128 p.) são as duas obras mais recentes de
Renato Suttana, escritor que reside em Dourados desde
2007, atuando como professor da UFGD. As coletâneas
integram uma trajetória de publicações iniciada em 2002,
com o livro Visita do Fantasma na Noite, contando já com
mais de 25 livros publicados, que incluem obras como
Rapinário, Quando Me Abriram Portas e O
Esquecimento Necessário.
Autor de ensaios, traduções e,
principalmente, coletâneas de poesia, Renato Suttana
oferece a público, neste final de 2025, dois títulos
cuja tônica se centra novamente na meditação acerca do
ser e estar no mundo contemporâneo, com derivações para
a reflexão, inédita na obra do autor, sobre o desejo e o
sentimento de derrelição característico da época atual.
O conjunto de As Coisas
Incompletas inclui poemas escritos, em sua
maioria, ao longo dos últimos cinco anos. Divididos em
duas seções, sob os títulos de “As coisas incompletas” e
“Vinte canções de impaciência”, os poemas abrangem
experiências vividas diversas, algumas vividas no
contexto da pandemia de Covid-19. Há textos que falam da
solidão e do abandono, remetendo às ruas desertas das
cidades brasileiras e ao sentimento de ansiedade, luto e
desalento que marcou o período. Porém não se descarta a
ideia da esperança no futuro e da afirmação do momento
presente como saídas existenciais para o homem
contemporâneo. Já a forma dos poemas oscila entre o
verso livre e a métrica rimada na primeira parte,
contendo a segunda uma coleção de 20 poemas em
redondilhas maiores.
Em Teu Erro Faz Sentido,
de 2025, dá-se a ler uma coleção de 99 sonetos recentes
do autor. Apresentados em três seções, os textos abordam
tanto a temática existencial quanto a temática amorosa,
reafirmando o tom característico da poesia de Suttana.
Alguns exploram a metáfora da navegação (já presente em
outros livros do autor) como representação da busca e do
périplo vital dos indivíduos, própria da tradição
ibérica. A segunda parte traz a análise existencial sob
a perspectiva da autoconsciência e daquilo que o poeta
chama de “expectativa de si” diante do mundo, presenças
constantes em sua lírica. A última seção, intitulada
“Orquídea. Monstro.”, explora a temática amorosa, sob o
foco do afastamento, da expectativa e da perda,
sugeridas também no título da obra.
Segundo o professor e escritor
Marcelo Bueno, da UEMS, prefaciador do livro, nessa
terceira parte “o vazio comparece (...) quase que
exclusivamente como espaço de desencontro. Reverberando
a herança do amor cortês, a maioria dos poemas do
conjunto apresenta o canto desventurado de um amante que
eleva o ser amado (cujo gênero só é definido numas
poucas composições) a uma categoria inatingível. Ou seu
objeto de desejo está distante ou lhe escapa ou se
afasta. (...) De qualquer maneira, não é o amor como
completude que interessa a Suttana, e sim como falta.
Porém, em vez de apontar diretamente essa falta, que se
traduz na impossibilidade humana de comunhão plena, sua
poesia prefere encobri-la com outro gesto de recusa,
enunciado na irrealização (…)”.
Os livros, publicados com o selo
do autor (ARS), serão lançados no dia 12 de dezembro de
2025, na livraria Canto das Letras, em Dourados. Na
ocasião, com a presença de leitores, escritores,
professores, amigos e autoridades locais, a livraria
estará comemorando também os seus 15 anos de existência.
As obras já podem ser adquiridas
na livraria.
(Notícia de O Arquivo de Renato Suttana)
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