ÀS
VEZES...
(Salvador
Espriu)
Às
vezes é forçoso é necessário
que
por um povo inteiro um homem morra
Mas
nunca um povo inteiro deverá morrer
por
um só homem:
disto
te lembres sempre, Sepharad.
As
pontes do diálogo faz seguras
e
trata de compreender e de estimar
as
razões e as falas diversas dos teus filhos.
Que
a chuva mansamente se despenhe
nas
fartas sementeiras
e
que o ar atravesse os campos extensos
como
estendida mão benigna
e suave.
E
que viva Sepharad eternamente
na
ordem e na paz e no trabalho
e
na difícil quão difícil
mas merecida
inteira
liberdade.
O
PTERODÁCTILO
(Philip
Jose Farmer)
Remoto
pai primevo de esvoaçantes plumas futuras
pelo
cerebral jurássico vais num estremeção
de
asas coriáceas temeroso
de
te embrenhares nos lameiros onde os sáurios
resolvem
seus assuntos de ilhargas e dentes.
Predador
metafísico de dedos alados
o
canto entorpecente dos teus intestinos
revela
o entusiasmo com que absorves
saborosos
ectoplasmas esbanjando
o
teu fogo interior que pressagia
a
imagem futura de um esqueleto
morto
na tentativa de ficar.
Bicudo
resumo da incorpórea idéia
passarola
batida pelas lufadas de vento
cruzas
abstractas névoas invadindo
o mar da Obra.
Devoras
estranhos peixes desenvolves
largas
penas brilhantes e recobres
com
a carne da forma os ossos do conceito.
Assim
deriva
do
acto de Beleza a
beleza do Acto.
(Traduções
de Nicolau Saião)