CEDRIC
ELLIOT MORRISON
TRÊS
poemas
1.
1. E assim chego
-
colete, calça e paletó.
E
sento-me, feliz da vida
na
esplanada quase deserta.
Espero
os ventos do sul
os
musgos do norte
o
sol de um pouco à esquerda do sudeste.
Talvez
relinche como uma estrela fogosa
talvez
chame o criado e
fique mudo.
Talvez,
quem sabe, me espante um bom bocado
chapéu
de feltro cinzento na cabeça
dócil
e omnipresente.
Que
pergunta, interrogo-me perplexo
fiz
a mim mesmo há pedacinho?
2.
2. As
árvores
Não
as que vi em criança
umas
de roda do luar espelhado
no
pequeno tanque
outras
em dia de mortos
aparecendo
desaparecendo
como
presenças incertas
Não
as árvores de repente ternas
como
sementes
remotas
como pedras
Mas
as que gravitam em torno de nós
aflitas
silenciosas
como um pensamento.
3.
Nas
arribas de Cape Cod
aí
pela manhã
um
tipo pensativo põe-se a recordar
os
tempos dilectos da juventude
quando
trabalhava com o velho Miles
o
carpinteiro tisnado de camisas de algodão
E
ambos galhofavam serenamente
um
em frente do outro, de pés em cima da mesa
na
sala traseira da vetusta lojeca
atestada
de móveis como dantes se
faziam
perto
do farol do arquipélago de Shoals.
“Quando
o vento acalmava, rapariga
a
morte e a doença à porta não chegavam
à
porta não chegavam, digo-te eu
minha
garota, minha garota bela!”
Miles,
rei das cadeiras e das mesas
o
das camisas baratas de algodão...
Colete,
calça e paletó
e
às vezes uma rosa na mão direita
-
mas não como se fôsse um troféu.
E
tudo sem palavras, sem um gesto
sem
sequer uma canção que vem de longe
que
vem de muito longe
e ressoa.
(Tradução
de Nicolau Saião)
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