MINHA TERRA É O MUNDO
(Alyne Costa)
Sou de tantas terras que já nem me lembro mais...
Terras de paus-brasis, Caetités, Igaporãs e Serras Gerais.
Sou da porção que cabe, neste latifúndio de mundo,
Cada qual no seu pedaço...
No seu cantinho de mundo.
Eu sou de tudo que é lado que é feito de cantoria,
Onde meu peito rebenta, chora de pura alegria.
Eu sou de qualquer lugar e feita de qualquer sorte.
Sou flor na invernada e alforria na morte.
Sou preguiçosa e sem rumo, uma cabeceira de rio que depois escorre
manso:
Pra assombrar num vazio de uma cachoeira alta.
Sou moça já nos quarenta.
De quarentena da vida.
Por isso pergunte de onde vim:
Do ventre de minha mãe e do prazer de meu pai, mas nunca de onde
sou.
Sou apenas de onde estou:
Uma labareda acesa:
Ora riacho, noutra correnteza.
Que essa vida, amiúde, é feita de muita aspereza.
E se nasci d’um grito profundo:
Minha terra é o Mundo!
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